Caça e Conservação da Fauna na África: Como a Caça Regulamentada Está Salvando Animais da Extinção

Caça e Conservação da Fauna na África: Como a Caça Regulamentada Está Salvando Animais da Extinção

Procurando entender como caça e conservação da fauna na África podem andar de mãos dadas? Então você chegou ao lugar certo. Por mais contraintuitivo que pareça, a caça esportiva regulamentada tem se mostrado uma das ferramentas mais eficazes para salvar espécies da extinção no continente africano.

Enquanto países que proibiram totalmente a caça enfrentam declínios dramáticos em sua vida selvagem, locais que adotaram a caça sustentável registram aumentos impressionantes de populações de animais. Consequentemente, vamos explorar como isso é possível, com dados científicos, exemplos reais e até um depoimento de quem vive essa realidade no dia a dia.

Afinal, “se paga, fica” – e na África essa lógica de mercado aplicada à conservação já provou seu valor de forma definitiva.

O Modelo Africano de Conservação Através da Caça

A experiência africana mostra que caça e conservação da fauna na África podem andar juntas de forma harmoniosa. Em vez de ver os animais apenas como vítimas, muitos países africanos enxergaram neles um ativo econômico capaz de financiar sua própria preservação.

Dessa forma, isso gerou um modelo de conservação baseado no uso sustentável. Portanto, a caça regulamentada cria incentivos para conservar habitats e espécies. Tanto comunidades locais quanto proprietários e governos passam a lucrar com a presença da vida selvagem em vez de perdê-la.

Não é retórica vazia – os números comprovam o sucesso desse modelo de maneira impressionante.

Os Números que Impressionam no Modelo Africano

US$ 200 milhões por ano: é o montante aproximado gerado pela caça esportiva para as economias africanas. Consequentemente, essa receita sustenta milhares de empregos e famílias rurais em todo o continente.

1,4 milhão de km² de habitat: é a área total sob manejo de caça no continente. Surpreendentemente, isso representa 22% a mais que todas as áreas de parques nacionais africanos combinadas!

Em outras palavras, a caça regulamentada expande em quase um quarto as terras protegidas além dos parques oficiais. Dessa forma, mantém savanas e florestas intactas e cheias de vida selvagem.

Megafauna em alta: Os países africanos com caça regulamentada abrigam as maiores populações de elefantes, leões, rinocerontes, girafas e outros animais daquele continente. Ou seja, onde a caça sustentável é praticada, a vida selvagem prospera de forma notável.

A Lógica Econômica da Conservação

Em resumo, a lógica econômica da conservação é simples: “se o animal paga, o animal fica“. Comunidades locais, fazendeiros e governos passam a ter motivos financeiros diretos para proteger grandes extensões de terra como habitat natural.

Portanto, em vez de convertê-las em fazendas ou pastos, elas se tornam reservas produtivas. Além disso, ao contrário do turismo fotográfico tradicional, que exige infraestrutura complexa e alta densidade de animais para ser viável, a caça traz receitas mesmo em áreas remotas.

Ela funciona em regiões onde safáris fotográficos seriam inviáveis. Consequentemente, transforma até paisagens esquecidas em reservas produtivas de biodiversidade de alta qualidade.

Casos de Sucesso na África

Vamos ver na prática alguns exemplos notáveis de caça e conservação da fauna na África. Países que adotaram a caça sustentável colhem resultados animadores tanto para a economia local quanto para a fauna nativa.

Enquanto isso, no Brasil, nossa legislação ambiental engessada praticamente inviabiliza qualquer uso sustentável da fauna nativa. Mas isso é assunto para outro artigo…

Namíbia: Conservação Comunitária Modelo

A Namíbia é frequentemente citada como referência mundial em uso sustentável da vida selvagem. Desde os anos 1990, o país implementou conservatórios comunitários – áreas onde as comunidades locais gerenciam e se beneficiam da fauna.

Hoje já são 86 conservatórios cobrindo aproximadamente 166.000 km². Isso representa mais de 20% do território namibiano. Essa área protegida por moradores locais equivale a todo o estado do Amapá coberto por reservas comunitárias!

Resultados Socioeconômicos e Ambientais

Os resultados socioeconômicos e ambientais impressionam de forma consistente. A receita anual da caça na Namíbia chega a N$ 400 milhões (cerca de US$ 25 milhões). Mais importante: 55% dos benefícios dos conservatórios vêm exclusivamente da caça de elefantes. Essas receitas beneficiam aproximadamente 220.000 pessoas diretamente. Esse dinheiro vai para escolas, postos de saúde, empregos de guardas florestais e compensações a agricultores pelos prejuízos com fauna.

Consequentemente, as comunidades têm forte incentivo em manter os animais vivos e saudáveis. Afinal, deles depende seu sustento e o desenvolvimento de suas regiões.

O Apoio Popular ao Sistema

Não por acaso, 91% dos moradores rurais namibianos se opõem a qualquer proibição da caça. Eles sabem que seu bem-estar e o dos animais caminham juntos de forma indissociável.

E a fauna? Desde que o programa começou, as populações de vida selvagem vêm crescendo continuamente. O país abriga a maior população de rinocerontes-negros livres do mundo e viu seus elefantes triplicarem em número nas últimas décadas.

Até os leões do deserto impressionam. Nos anos 1990 estavam reduzidos a uns 25 indivíduos. Hoje passam de 150 graças aos esforços comunitários. Um verdadeiro caso de ganha-ganha: as pessoas prosperam e os bichos também.

África do Sul: Fazendas de Caça e Abundância de Fauna

A África do Sul adotou uma abordagem diferente, porém igualmente bem-sucedida. Lá ocorreu uma revolução na criação privada de animais selvagens nas últimas décadas.

Fazendeiros perceberam que preservar antílopes, búfalos, rinocerontes e até leões poderia ser mais lucrativo que criar gado ou plantar. Com apoio legal, surgiram milhares de fazendas de caça privadas de grande sucesso.

Em 1991 eram cerca de 3.500 propriedades. Hoje já passam de 10.000 propriedades dedicadas à vida selvagem. Em conjunto, essas áreas particulares somam cerca de 20 milhões de hectarestrês vezes mais do que todas as reservas públicas sul-africanas.

Zimbábue: O Sucesso do Programa CAMPFIRE

No Zimbábue, a conservação através da caça assumiu a forma de um programa pioneiro chamado CAMPFIRE (Comunal Areas Management Programme for Indigenous Resources), iniciado em 1989.

A ideia central foi devolver às comunidades rurais o poder sobre a fauna local. Dessa forma, permitindo que elas usufruíssem dos lucros da caça de forma coletiva e organizada.

Hoje, o CAMPFIRE abrange aproximadamente 50.000 km² (12% do país). Além disso, beneficia cerca de 777.000 pessoas direta ou indiretamente em suas atividades.

Os Resultados Financeiros do CAMPFIRE

Os números do CAMPFIRE falam por si de forma eloquente. 90% da receita do programa vem da caça de troféus, especialmente de elefantes. Só a caça de elefantes chega a responder por até 70% do orçamento anual de conservação nas comunidades participantes.

Entre 1994 e 2012, o CAMPFIRE gerou US$ 39 milhões em receitas. Desses, US$ 21,5 milhões foram distribuídos diretamente às aldeias locais. Esse dinheiro financiou escolas, clínicas de saúde, estradas e sistemas de água potável em regiões remotas. Cerca de 777.000 famílias (25% da população zimbabuana) se beneficiam direta ou indiretamente do CAMPFIRE.

Esses são benefícios palpáveis que vêm dos próprios animais selvagens de forma sustentável.

O Crescimento das Populações de Fauna

Como resultado, a população de diversos animais no Zimbábue aumentou nas últimas décadas de forma significativa. O país tinha cerca de 48 mil elefantes em 1980. Hoje são aproximadamente 67 mil elefantes.

Isso aconteceu em grande parte graças às áreas de habitat manejadas pelo CAMPFIRE. Essas áreas expandiram de 12% para 33% do território nacional ao longo dos anos.

Comunidades que antes viam os elefantes apenas como ameaças às colheitas agora os enxergam como fonte de renda e orgulho local. O mesmo vale para búfalos, antílopes e outros animais caçados – suas populações são saudáveis nas áreas do programa.

Referência Internacional em Conservação

O CAMPFIRE se tornou referência internacional em conservação comunitária. Mostrou que, quando os próprios donos da terra se tornam guardiões da vida selvagem, os resultados podem ser notáveis.

Os lucros da caça dão às pessoas motivo para manter florestas em vez de derrubá-las. Também incentivam a tolerar animais potencialmente perigosos em vez de exterminá-los.

Tanto é que, assim como na Namíbia, pesquisas indicam apoio majoritário das comunidades à continuidade da caça regulamentada. Conservar deixou de ser um luxo ecológico e virou um bom negócio comunitário no Zimbábue.

Recuperação de Espécies Ameaçadas: Rinocerontes, Elefantes e Leões

Além dos casos nacionais, é importante olhar de perto como algumas das espécies mais ameaçadas da África reagiram em cenários distintos. Vamos focar em três casos emblemáticos: rinocerontes, elefantes e leões de forma detalhada.

Os resultados são reveladores de maneira impressionante. Onde a caça sustentável foi permitida, as populações se recuperaram de forma notável. Por outro lado, onde foi banida sem alternativas, essas espécies sofreram declínios dramáticos.

Definitivamente, isso prova como caça e conservação da fauna na África podem andar juntas quando bem planejadas.

O Milagre dos Rinocerontes-brancos

Poucos animais simbolizam tanto a luta contra a extinção quanto os rinocerontes africanos. Esse exemplo ilustra perfeitamente como a caça regulamentada salva espécies da extinção. O rinoceronte-branco-do-sul estava praticamente extinto no início do século XX, com apenas 20 a 100 indivíduos sobrevivendo na região de KwaZulu-Natal.

Hoje, graças a programas de conservação financiados pela caça, existem mais de 18.000 rinocerontes-brancos. A África do Sul permite a caça de rinocerontes-brancos sem limitação de cota desde 1972, e 90% dos rinocerontes africanos estão concentrados na África do Sul e Namíbia – exatamente onde a caça regulamentada é permitida.

O rinoceronte-preto também se recuperou significativamente. De apenas 2.400 indivíduos em 1995, a população cresceu para mais de 6.000 atualmente. A caça seletiva de machos mais velhos não apenas é sustentável, mas melhora a demografia populacional e incentiva a reprodução. Ou seja, um único animal gera dinheiro suficiente para salvar muitos outros de sua espécie de forma eficaz.

Elefantes: Dados que Surpreendem

Os países que permitem caça regulamentada de elefantes possuem as maiores populações da espécie no continente. A Tanzânia viu sua população de elefantes crescer de 43.000 em 2014 para 60.000 em 2022. Botsuana mantém mais de 130.000 elefantes – a maior população mundial.

Por outro lado, no Zimbabwe, a população de elefantes cresceu de 48.000 em 1984 para aproximadamente 67.000 hoje, em grande parte devido ao programa CAMPFIRE. As áreas dedicadas ao habitat dos elefantes aumentaram de 12% para 33% do país.

Experiência positiva com Leões

E quanto ao rei da selva, o leão africano? Aqui a diferença de abordagens também fica evidente. Nações que integraram a caça controlada de leões em seus planos de manejo estão conseguindo manter ou até aumentar suas populações, ao passo que países que proibiram a caça de leões veem esses felinos minguarem.

Segundo dados da IUCN, as únicas populações de leões selvagens em crescimento na África estão na Namíbia e no Zimbábue – exatamente os países que utilizam a caça de troféu como parte do manejo. Em reservas privadas e comunitárias nesses países, os leões encontraram espaços seguros para se reproduzir porque, paradoxalmente, valem dinheiro.

Caçadores internacionais pagam fortunas para caçar um leão macho velho (que já está no final da vida reprodutiva). Essa renda financia todo o cuidado dos demais leões: segurança contra caçadores ilegais, monitoramento científico, alimentação suplementar em épocas difíceis, etc. Assim, a espécie como um todo sai ganhando. Um exemplo citado por pesquisadores é o Bubye Valley Conservancy, no Zimbábue, onde os leões foram reintroduzidos há 20 anos e hoje já somam cerca de 500 indivíduos graças ao manejo com caça. Nesse conservancy, a caça controlada de alguns leões é usada para manter o equilíbrio populacional e gerar receita – e a população total disparou ao longo dos anos.

O Contraste com Países que Baniram a Caça

Em contraste, países que baniram totalmente a caça enfrentaram dificuldades enormes para proteger seus animais silvestres.

Lições do Quênia

O Quênia serve como exemplo negativo do que acontece quando se proíbe completamente a caça. O país baniu toda forma de caça em 1977, esperando proteger sua vida selvagem através do turismo fotográfico exclusivamente.

Os resultados foram desastrosos. Entre 1977 e 2016, a vida selvagem do Quênia declinou em média 68%. Algumas espécies sofreram perdas ainda mais dramáticas: 88% dos javalis, 85% das gazelas-de-thomson e 84% dos impalas desapareceram.

O país tinha cerca de 20 mil rinocerontes (pretos e brancos) em meados do século XX. Após proibir a caça, não conseguiu impedir a onda de caça ilegal de forma efetiva. A população de rinocerontes despencou para apenas cerca de 600 indivíduos nos anos 2000. Ou seja, o rinoceronte praticamente sumiu do Quênia.

A população de leões caiu de mais de 20.000 para apenas 2.000. Praticamente nenhuma vida selvagem existe fora dos parques nacionais no Quênia, pois as comunidades rurais não têm incentivos econômicos para tolerá-la.

Aqui no Brasil, nossa legislação ambiental segue o mesmo caminho desastroso do Quênia. Proíbe o uso sustentável da fauna nativa e depois se espanta com a extinção de espécies…

Botsuana: Conflitos em Ascensão

Botsuana oferece um exemplo perfeito de como a proibição da caça pode gerar consequências desastrosas para múltiplas espécies. Esse país abriga cerca de 130 mil elefantes – a maior população mundial, representando um terço dos elefantes da África. Durante décadas, Botsuana permitiu a caça sustentável desses animais, beneficiando comunidades locais com troféus e carne. No entanto, em 2014, o então presidente Ian Khama proibiu a caça, tentando agradar conservacionistas internacionais. O resultado dessa medida populista foi desastroso.

Em apenas dois anos (2012-2014), os conflitos entre elefantes e aldeões aumentaram mais de 50%, saltando de 4.361 para 6.770 casos. Em regiões como Chobe, elefantes chegaram a destruir até 72% das lavouras locais. Sem poder controlar os animais legalmente e sem os rendimentos da caça, muitas comunidades passaram a enxergar os elefantes como “pragas gigantes”, gerando revolta e prejuízos.

Com os leões, a situação também piorou rapidamente. Durante o período da proibição, fazendeiros enfurecidos com ataques ao gado começaram a envenenar e abater os predadores ilegalmente. Em um único incidente, quatro leões foram mortos por pastores revoltados. Sem valor econômico, o leão deixou de ser protegido e passou a ser um alvo.

Mesmo pesquisadores da Universidade de Oxford, tradicionalmente críticos da caça, reconheceram em estudos que áreas com caça controlada apresentam menor declínio das populações de leões comparadas às áreas que dependem apenas do turismo fotográfico. A razão é simples: manejar predadores como leões custa caro, e poucos governos ou ONGs conseguem arcar com esses custos sem os recursos proporcionados pela caça regulamentada.

A Reversão Inteligente em Botsuana

Diante dessa situação insustentável, Botsuana reverteu a proibição e retomou a caça em 2019 de forma sensata. Hoje o país adota novamente cotas anuais, liberando a caça de um número limitado de animais “problema”.

Os líderes argumentam que a única forma de conservar uma megafauna tão numerosa é fazendo ela valer algo para o povo. Tanto que, em resposta a críticas estrangeiras, o presidente botsuanense chegou a propor sarcasticamente “enviar 20 mil elefantes para a Alemanha“.

Definitivamente, o caso de Botsuana prova que leões e elefantes prosperam onde há manejo ativo, e definham onde viram apenas estorvo sem valor monetário.

Como a Caça Financia a Conservação da Fauna

Um ponto central de todo esse modelo é o financiamento. Conservar custa caro. Manter parques, pagar guardas, fazer pesquisa científica, indenizar produtores rurais por danos – tudo isso requer dinheiro constante. De onde ele vem? Nos países africanos que adotam a caça regulamentada, boa parte vem exatamente dos caçadores pagantes e da indústria que os atende. Vamos detalhar como a caça financia a conservação onde ela é legalizada e incentivada.

Altos gastos por caçador

Ao contrário de um turista comum, que muitas vezes viaja economizando, um caçador em safári gasta quantias vultosas. Estima-se que um único caçador internacional desembolse, em média, entre US$ 20 mil e US$ 50 mil durante um safári de algumas semanas (incluindo licenças, diárias, transporte, troféus, etc). Esse dinheiro irriga a economia local, pagando desde os guias, rastreadores, cozinheiros e motoristas até hotéis, companhias aéreas regionais e taxas governamentais de conservação.

Boa parte do valor de cada licença de caça vai direto para fundos ambientais estatais, usados na proteção de parques nacionais e no combate à caça ilegal. Por exemplo, na África do Sul cada caçador paga cerca de US$ 200 apenas pela licença governamental para abater um animal, e milhares de licenças são emitidas por ano, gerando uma receita significativa para o órgão ambiental sul-africano.

Dinheiro reinvestido em proteção

Na Namíbia, existe o Game Products Trust Fund, um fundo público que concentra as receitas da caça (e outros produtos da fauna) para reinvestir em conservação. 73% dos recursos desse fundo são destinados diretamente ao combate à caça ilegal e manejo de espécies. Ou seja, a própria caça legal financia a fiscalização que coíbe a caça ilegal – um ciclo virtuoso. Durante três anos, a caça de troféus injetou US$ 2,4 milhões nesse fundo namibiano, permitindo equipar guardas, realizar operações anti-caçadores clandestinos e apoiar pesquisas científicas com fauna.

Em outros países, há arranjos similares: no Zimbábue, porcentagens fixas das receitas de caça vão para agências de conservação e comunidades locais, que as usam para pagar guardas comunitários, combustível de viaturas de patrulha e outras ações protetivas.

Comparativo com turismo fotográfico

Não se trata de colocar caça contra ecoturismo – ambos podem coexistir e se complementar. Porém, é fato que a caça gera muito mais receita por visitante. Estudo mostraram que na Tanzânia cada caçador gera em média 14 vezes mais receita que um turista de safári fotográfico, pois o caçador paga licenças caras para poucos animais, enquanto o turista convencional paga apenas entrada de parque e hospedagem. No Zimbábue, a proporção estimada é ainda maior – 30 para 1 em favor da caça.

Além disso, a caça consegue levar dinheiro a regiões que jamais veriam turistas comuns, seja por serem muito isoladas, seja por não terem animais tão fotogênicos em grande número. Muitos caçadores se aventuram em áreas de mato fechado ou savanas pouco povoadas de bichos em busca de antílopes esquivos, por exemplo – lugares onde nenhum turista fotográfico iria, mas que graças a esses caçadores também recebem investimentos e vigilância.

Resiliência financeira

A caça é menos volátil a crises externas. A pandemia de COVID-19, por exemplo, devastou o turismo fotográfico na África, mas muitos operadores de caça conseguiram resistir com menor prejuízo. Safáris de caça envolvem menos aglomeração, ocorrem também fora da alta temporada tradicional e atendem um nicho de clientela que frequentemente mantinha reservas mesmo em tempos difíceis. Assim, a fonte de renda da conservação via caça mostrou-se mais estável do que depender unicamente de visitantes estrangeiros em lodges. Isso é crucial para a sustentabilidade a longo prazo – parques nacionais que viviam só de bilheteria de turistas ficaram sem fundos durante a pandemia, enquanto fazendas de caça continuaram pagando seus funcionários e guardas com a reserva financeira de anos bons.

Em suma, a caça regulamentada põe dinheiro na mesa da conservação. Ela transforma animais em ativos valiosos, cujos “dividendos” financiam sua própria proteção. Governos africanos deixam claro que sem a receita da caça, muitos programas de conservação simplesmente não teriam orçamento para continuar.

Do jeito que o mundo funciona, esperar que governos ou indivíduos financiem conservação da fauna de forma gratuita é ilusão – a realidade é que apenas através da lógica de mercado da caça regulamentada a preservação torna-se economicamente viável em vasta escala. Como dito antes, se pagar, o bicho fica; se não pagar, acaba virando problema ou recurso de curto prazo (carne, couro, marfim) nas mãos de quem luta para sobreviver.

Benefícios Socioeconômicos para Comunidades Rurais

Além de salvar animais, o modelo de caça e conservação da fauna na África tem um impacto direto na qualidade de vida das pessoas que vivem no campo. Lembremos que essas comunidades convivem diariamente com grandes mamíferos potencialmente perigosos de forma constante.

Elefantes pisoteiam roças, leões e leopardos atacam o gado, búfalos e hipopótamos podem ser agressivos. Consequentemente, sem benefícios, os moradores tendem a eliminar essas ameaças de forma sistemática.

A caça regulamentada transforma “problemas” em ativos econômicos. Dessa forma, muda completamente essa dinâmica humana-fauna de maneira revolucionária.

Compensação por Perdas Causadas pela Fauna

Nas áreas de conservatórios comunitários (como na Namíbia e no Zimbábue), parte do dinheiro da caça é usada para compensar fazendeiros por perdas causadas por animais selvagens. Assim, se um leão matar uma vaca ou se elefantes destruírem uma plantação, o programa indeniza financeiramente o prejudicado.

Isso reduz enormemente a animosidade entre humanos e fauna. O fazendeiro sabe que será ressarcido, então não precisa pegar o rifle para matar o “problema” de forma desesperada.

Além disso, muitas comunidades investem a receita da caça em serviços básicos que antes eram escassos. Há vilarejos que graças aos fundos de caça construíram escolas, postos de saúde, poços de água e estradas.

Desenvolvimento Rural e Fixação no Campo

Esses benefícios fixam as pessoas no campo de forma efetiva. Consequentemente, diminuem a pobreza e criam um ciclo positivo de desenvolvimento sustentável.

Outro aspecto é o emprego local de grande importância. A indústria da caça esportiva gera milhares de empregos diretos para guias, patrulheiros, motoristas, cozinheiras, artesãos (que preparam as taxidermias), entre outros.

Por exemplo, estima-se que só na Namíbia a caça empregue mais de 6.000 pessoas em áreas rurais. No total da África do Sul, são mais de 17 mil empregos diretos relacionados à caça.

Esses postos de trabalho geralmente são nas regiões mais remotas e pobres. São locais onde poucas outras oportunidades existem de forma viável. Cada família empregada significa crianças na escola, alimento na mesa – e tudo isso atrelado à conservação.

Empoderamento e Governança Local

Há também um fator de empoderamento e governança local de grande relevância. Programas como CAMPFIRE e os conservatórios namibianos dão poder de decisão às aldeias.

Elas mesmas deliberam quantos animais podem caçar, como dividir os lucros, quais projetos priorizar. Isso criou um senso de propriedade coletiva sobre a vida selvagem de forma orgânica.

Em vez de algo imposto “de cima para baixo” pelo governo ou ONGs, a conservação virou assunto de interesse de todos. Com isso, aumentou-se a fiscalização interna: os próprios moradores vigiam e denunciam caça ilegal.

Eles sabem que essa atividade clandestina prejudica seus ganhos legais. É comum ouvir anciões dizendo: “no tempo dos nossos pais não ganhávamos nada com os animais, hoje eles pagam nossas contas”.

A Mudança Cultural Fundamental

Essa mudança cultural é fundamental para o sucesso duradouro de qualquer programa de conservação. Como efeito colateral positivo, reduziu-se a migração rural-urbana em algumas áreas.

Famílias que antes abandonavam suas terras em busca de sustento nas cidades agora veem futuro em suas comunidades. Isso acontece graças aos dividendos da caça regulamentada.

A natureza, que antes era inimiga, virou aliada e fonte de orgulho local. Não é à toa que em várias pesquisas feitas em países do sul da África, a esmagadora maioria dos moradores das áreas de conservação comunitária diz que quer manter o modelo.

Eles rejeitam interferências externas que queiram proibir a atividade de forma veemente. Enquanto isso, aqui no Brasil, nossa legislação ambiental continua tratando comunidades rurais como inimigas da natureza

Combate à Caça Ilegal e Proteção dos Parques

Um benefício frequentemente esquecido da caça regulamentada: ela contribui diretamente para combater a caça furtiva (aquela, sim, criminosa e destrutiva). Parece paradoxal caçadores ajudarem a impedir outros caçadores de forma aparentemente contraditória.

Mas é exatamente isso que acontece através de financiamento e apoio logístico de grande eficácia.

Investimento Privado em Segurança

Operadores de safári de caça e associações de fazendeiros frequentemente investem pesado em segurança anti-caça ilegal. Eles têm interesse direto e objetivo: um elefante morto por um ladrão de marfim é um elefante a menos que poderia ser caçado legalmente por US$ 30-50 mil.

Por isso, muitas fazendas e conservancies mantêm patrulhas próprias de vigilância. No Zimbábue, por exemplo, somente numa área privada (Save Valley Conservancy) os operadores de caça empregam cerca de 190 guardas florestais armados.

Na Namíbia, os conservatórios comunitários juntos empregam 763 guardas comunitários que monitoram a fauna e repelem invasores. Esses guardas muitas vezes são mais eficazes que os estatais, pois conhecem intimamente o terreno e têm motivação econômica em manter os bichos vivos.

Autorregulação Comunitária

Além disso, as comunidades se autorregulam de forma natural. Como mencionamos anteriormente, se elas ganham dinheiro com a caça legal, irão repudiar e denunciar qualquer clandestino que ameace “roubar” seus recursos.

A caça ilegal passa a ser vista com péssimos olhos localmente – vira roubo, não “caça de subsistência”. Assim, a pressão social contra a caça furtiva aumenta onde há programas de uso sustentável.

Isso contrasta com lugares onde tudo é proibido de forma radical. No Quênia, por exemplo, os moradores historicamente protegem e até escondem caçadores ilegais. Isso acontece porque esses dividem a carne ou lucros de marfim, enquanto o governo só vem punir e não oferece nada em troca.

O Financiamento Cruzado dos Parques

Vale destacar também que as taxas e licenças de caça ajudam a financiar parques nacionais onde a caça é proibida. Parece curioso, mas muitos dos grandes parques africanos que são “photo safari onlydependem de verbas vindas da caça em outros locais.

O Kruger (maior parque da África do Sul) e parques do Quênia, por exemplo, recebem aportes de fundos nacionais. Esses fundos se originam de licenças de caça vendidas a estrangeiros.

Assim, até animais em áreas estritamente protegidas se beneficiam indiretamente do dinheiro gerado em áreas de caça. Um diretor de parque sul-africano certa vez brincou: “os leões do Kruger deveriam agradecer aos impalas caçados nas fazendas vizinhas”.

Afinal, são eles que pagam o salário dos guardas que os protegem de forma efetiva.

A Lógica do Sistema Integrado

Em resumo, a caça regulamentada age como aliada – e não inimiga – da conservação integral. Ela prove recursos financeiros e apoio comunitário para proteger a fauna tanto dentro quanto fora de parques.

Onde não há incentivo positivo, o ilegal prevalece de forma sistemática. Onde há incentivo, a própria comunidade expulsa os ilegais de forma natural.

Definitivamente, caça e conservação da fauna na África funcionam melhor integradas do que separadas.

Depoimento de Cristiano Furtado: A Realidade das Fazendas de Caça Africanas

Nada melhor do que ouvir a voz de quem vive essa experiência em campo de forma diária. Cristiano Furtado, um guia de caça brasileiro que trabalha em fazendas de caça na África do Sul, deu o seguinte depoimento esclarecedor.

Cristiano Furtado, guia de caça na Africa
Cristiano Furtado, guia de caça na Africa

Ele explica como funciona essa lógica de conservação pelo uso sustentável na prática real:

O Relato Direto da Savana

Um cara me perguntou o que eu ganho matando um leão! Eu ganho dinheiro e experiência, pois é o meu trabalho – sou um guia de caça! O meu cliente ganha uma grande experiência ao vivenciar uma caçada a pé contra o maior predador da África. A população local ganha emprego, dignidade, salários, e milhares de toneladas de carne por ano, afinal não caçamos só leões. A fazenda de caça ganha lucro, e com parte desse lucro ela alimenta uma criação própria de 317 leões, onde só os machos com mais de 10 anos são soltos nas áreas de caça!

O governo da África do Sul ganha o valor de uma licença de caça (200 dólares) paga por todo caçador que vai até lá, e é um bom dinheiro pois são milhares de pessoas do mundo inteiro por ano. O governo investe esse dinheiro na proteção e monitoramento de grandes parques nacionais como o Kruger, onde a caça é proibida mas os caçadores ilegais estão sempre tentando abater elefantes e rinocerontes para roubar o marfim – estamos em guerra com essa gente também.

O leão pode não ganhar muito como indivíduo, porém ganha como espécie, pois uma vez que cada um vale 25 mil dólares, jamais irão acabar, jamais serão extintos; os próprios fazendeiros cuidam muito bem disso, pois não querem ver seu negócio ir à falência por falta de animais. Isso se chama manejo sustentável.

No Brasil as fazendas fazem isso com bois e vacas; na África nós fazemos com leões e com mais 56 outras espécies de animais, garantindo que a cada ano suas populações dobrem de tamanho. Sempre caçando em fazendas particulares, nunca nas reservas ou parques que ajudamos a proteger. Percebeu que vocês não sabem absolutamente nada sobre o que estão criticando?

A Realidade Pouco Conhecida

Esse relato retrata bem a realidade pouco conhecida das fazendas de caça africanas. Não são “terra de ninguém” nem cenários de matança indiscriminada como alguns imaginam de forma equivocada.

São negócios sustentáveis onde o animal é recurso renovável de alta qualidade. Cada leão, cada búfalo, cada rinoceronte tem seu valor e é tratado como tal – bem alimentado, protegido de predadores (inclusive humanos ilegais) e aproveitado no momento certo.

O Cristiano destaca algo crucial: “no Brasil fazemos manejo com bois, na África com leões“. É uma analogia provocativa, mas que faz pensar de forma profunda.

A Analogia que Incomoda

Criamos milhões de vacas e as abatemos para consumo, e ninguém questiona porque entendemos o propósito. Na África, alguns animais selvagens são criados e abatidos para troféu e consumo da carne.

Disso resulta a conservação deles em números muito maiores do que se fossem apenas “intocáveis” na natureza. Para quem ainda duvida, o guia resume: .

Os fazendeiros não vão deixar acabar aquilo que lhes dá lucro – simples assim. Uma lógica que nossa legislação ambiental brasileira, infelizmente, ainda não consegue compreender

Mais uma vez, caça e conservação da fauna na África provam que o modelo funciona quando há incentivos econômicos adequados.

O Atraso do Brasil e Exemplos Modernos na América do Sul

Após essa aula dada pela realidade africana, é inevitável compararmos com a situação no Brasil. Infelizmente, nosso país permanece preso a uma legislação arcaica de 1967 de forma vergonhosa.

A famosa Lei de Proteção à Fauna (Lei nº 5.197/67) proíbe completamente a caça esportiva em território nacional. Essa abordagem “tudo é proibido” vigora há mais de meio século sem atualização significativa.

Consequentemente, ignora décadas de evidências científicas e experiências internacionais bem-sucedidas. Enquanto a África descobriu na caça sustentável um motor de conservação, o Brasil ficou parado no tempo, tratando o tema como tabu.

Definitivamente, um contraste gritante com os sucessos de caça e conservação da fauna na África que acabamos de conhecer.

A Legislação Arcaica de 1967

As consequências desse atraso legislativo são graves e incontestáveis. Desde 1967, nenhuma política efetiva de manejo de fauna foi estabelecida no país. Toda exploração direta foi vedada de forma radical e irracional.

Mas proibir não significou acabar com a caça – longe disso! A caça irregular nunca foi controlada e continua sendo praticada em todas as regiões do Brasil. Porém, agora na ilegalidade total e sem regulamentação alguma.

Pesquisas sugerem que existem entre 2,2 e 9 milhões de caçadores brasileiros de diferentes tipos. Isso inclui caçadores de subsistência, esportivos clandestinos, controladores de pragas, entre outros. Todos à margem da lei de forma sistemática.

As Consequências Desastrosas da Proibição Total

Essa clandestinidade impede qualquer manejo racional de forma definitiva. Não se pode definir cotas, temporadas, nem exigir respeito a critérios científicos. É o pior dos mundos – os animais são caçados sem regras e sem gerar nenhum benefício público.

Além disso, não há conservação alguma, ao contrário do que acontece na África com caça e conservação da fauna na África funcionando em harmonia.

Mais grave ainda: falhamos em educar a população para ver a fauna como um recurso importante e valioso. O brasileiro médio foi ensinado que todo bicho silvestre é “intocável” por lei. Porém, não aprendeu nada sobre manejo sustentável de forma lamentável.

O Fracasso Educacional e Acadêmico

Nossas universidades não formaram ecólogos de fauna preparados para administrar populações de forma competente. Já que sob proibição esse profissional “não teria função”, segundo a lógica governamental. Consequentemente, ficamos sem academia, sem manejo e sem fauna de forma sistemática.

O resultado é visível e desolador: a lista de espécies ameaçadas de extinção no Brasil só aumenta a cada revisão. Além da expansão urbana, a caça ilegal é apontada como uma das principais causas desse processo.

A maior parte ocorre de forma predatória, sem controle algum. Justamente porque o Estado abriu mão de gerenciar, limitando-se a dizer “não pode” e virar as costas.

Uma diferença gritante com os exemplos de caça e conservação da fauna na África que vimos anteriormente.

Exemplos Modernos na América do Sul

Em contrapartida, nossos vizinhos latino-americanos têm dado passos mais modernos e inteligentes. Argentina e Uruguai, por exemplo, atualizaram suas legislações ambientais e permitem modalidades de caça regulamentada.

Enquanto o Brasil permanece estagnado com sua lei de 1967, esses países evoluíram de forma significativa. Reconheceram que proibicionismo cego não funciona na prática.

A Argentina e Seu Turismo Cinegético

A Argentina possui temporadas de caça esportiva em várias províncias, com licenciamento e fiscalização adequados. Por lá se caça desde javalis e cervos exóticos até espécies nativas abundantes como o pato-do-mato, dentro de cotas científicas.

O país desenvolveu uma próspera indústria de turismo cinegético de grande sucesso. Especialmente de aves aquáticas e pombas, que atrai milhares de estrangeiros e gera renda em áreas rurais.

Dessa forma, a Argentina prova que é possível ter conservação eficaz com uso sustentável da fauna. Uma lição que o Brasil teima em ignorar de forma obstinada.

O Uruguai e Sua Regulamentação Inteligente

No Uruguai, também há caça controlada de espécies como javali (invasor), algumas aves e até cervos em estâncias privadas. Tudo sob regulamentação do órgão ambiental local de forma organizada.

Esses países reconhecem que, bem manejada, a caça pode contribuir para a conservação e a economia. Não apostam mais em proibições draconianas de meio século atrás como o Brasil insiste em fazer.

Consequentemente, obtêm resultados melhores tanto para a fauna quanto para as comunidades rurais.

O Modelo Norte-Americano de Conservação

Enquanto isso, o Brasil fica praticamente isolado com sua legislação ultrapassada e ineficaz. Até mesmo países desenvolvidos, como os Estados Unidos, têm há longas décadas o Modelo Norte-Americano de Conservação.

Lá, a caça regulamentada foi responsável por recuperar espécies antes em declínio de forma impressionante. Nos EUA, cervos, perus selvagens, patos e muitos outros animais voltaram a prosperar graças aos caçadores.

Hoje existem mais de 32 milhões de veados-de-cauda-branca lá. Eram apenas aproximadamente 500 mil em 1900 – um crescimento de mais de 6.000%!

O Financiamento Privado da Conservação

Os caçadores norte-americanos também investem pesado em conservação de forma voluntária. Mais de US$ 1 bilhão por ano é direcionado a projetos ambientais via taxas sobre armas e munições e compra de licenças.

Nenhum outro grupo financia tanto a fauna nos EUA quanto os caçadores de forma consistente. Ou seja, caça e conservação podem ser aliadas em qualquer lugar do mundo, não apenas na África.

Mais uma prova de que o modelo brasileiro está completamente desatualizado e contraproducente.

A Necessidade Urgente de Modernização

Está claro que precisamos atualizar nossa abordagem no Brasil de forma urgente. Passar do simples proibicionismo para um modelo racional, onde a fauna seja vista como patrimônio que pode se pagar.

Dessa forma, pode se salvar de forma sustentável. Isso requer quebrar preconceitos e discutir soluções baseadas em evidências, por mais polêmico que o assunto seja.

A natureza brasileira é riquíssima e poderia, sob manejo sustentável, gerar recursos para sua própria proteção. Também poderia envolver comunidades tradicionais de maneira legal e controlada.

O Exemplo Isolado do Jacaré no Pantanal

Ainda poderia tirar espécies da beira da extinção através de programas de uso sustentável. Como já se fez com o jacaré no Pantanal, por exemplo, um caso de sucesso isolado que prova o potencial do modelo.

Falta vontade política e coragem de inovar – duas coisas que, felizmente, países africanos tiveram lá atrás. Hoje colhem os frutos desse posicionamento inteligente.

Enquanto o Brasil continua com sua mentalidade arcaica de “proibir tudo e torcer para dar certo”. Uma estratégia que fracassou miseravelmente por mais de meio século.

A Comparação Constrangedora

A diferença entre os sucessos internacionais e nosso fracasso nacional é constrangedora. Países africanos, vizinhos sul-americanos e nações desenvolvidas provam que caça e conservação da fauna funcionam juntas.

Apenas o Brasil insiste no caminho errado, ignorando evidências científicas e experiências bem-sucedidas. Uma teimosia que custa caro para nossa biodiversidade e comunidades rurais.

Definitivamente, está na hora de admitir o fracasso da legislação atual e buscar soluções modernas e eficazes.

Comparativo: Caça Regulamentada vs. Proibição – Qual o Resultado?

Para resumir tudo que foi exposto, veja a comparação entre cenários de manejo com caça e sem caça:

CenárioCom Caça RegulamentadaSem Caça (Proibição Total)
Área Conservada~1,4 milhão km² adicionais de habitat sob proteção (reservas de caça particulares/comunitárias) – terras que se somam aos parques nacionais.Áreas de vida selvagem limitadas aos parques oficiais (ex.: no Quênia, quase não há fauna fora de parques).
Populações de FaunaCrescentes ou estáveis onde manejo sustentável é aplicado. Ex.: Elefantes da Tanzânia de 43 mil (2014) para 60 mil (2021); elefantes do Zimbábue +40% (1980–hoje). Leões em alta na Namíbia e Zimbábue. Rinocerontes-brancos de <100 (1900) para 18 mil hoje.Declínio acentuado onde a caça foi banida sem alternativas. Ex.: Fauna do Quênia –68% (1977–2016); leões quenianos de ~20 mil para ~2 mil. Rinocerontes praticamente extintos em países que proibiram caça (Quênia, etc.).
Economia & ComunidadesIncentivo à conservação: caça gera empregos, renda e serviços. Ex.: Namíbia – 50% dos benefícios comunitários vêm da caça; ~US$10 mi/ano vão p/ comunidades. Comunidades investem em escolas, saúde e guardas; 91% dos moradores apoiam o modelo.Falta de incentivo: sem ganhos legais, comunidades veem fauna como entrave. Conflitos aumentam (ex.: Botsuana, +55% conflitos c/ elefantes durante proibição). Animais abatidos ilegalmente viram carne/mercadoria clandestina, sem benefício coletivo.
Financiamento da proteçãoSustentável e autossuficiente: receitas de caça financiam fiscalização e parques. Ex.: 55% da receita de conservatórios na Namíbia vem da caça de elefantes (beneficiando 220 mil pessoas); fundos nacionais reinvestem em combate à caça ilegal. Setor privado apoia patrulhas (ex.: 190 guardas particulares no Zimbábue).Crônico déficit de recursos: conservação depende de verba governamental ou doações. Sem receita da fauna, parques sofrem cortes e ficam vulneráveis (menos vigilância, mais caça ilegal). Comunidades não colaboram na proteção – muitas vezes facilitam a caça furtiva por necessidade financeira.
Tabela: Comparação dos efeitos da caça regulamentada vs. proibição total na conservação da fauna.

Considerações finais: Caça Regulamentada como Ferramenta de Conservação

Diante de todos esses fatos, a conclusão é firme e clara: a caça regulamentada funciona como ferramenta de conservação na África de forma indiscutível. Os números falam por si – 1,4 milhão de km² de habitats preservados, US$ 200 milhões anuais gerados para a conservação local.

Além disso, milhares de empregos foram criados e espécies emblemáticas recuperadas da beira da extinção. Onde há manejo sustentável, a vida selvagem floresce de forma notável. Por outro lado, onde se baniu a caça sem alternativas, muitas populações animais entraram em colapso.

O Quênia perdeu 68% de seus animais em 40 anos de proibição total. Enquanto isso, países vizinhos que permitem a caça viram suas faunas crescerem continuamente de forma consistente.

A Lição dos Sucessos Africanos

A lição não poderia ser mais contundente: conservação eficaz precisa de financiamento e incentivos duradouros de forma constante. A caça regulamentada provê ambos, de forma mais confiável do que doações esporádicas ou que um turismo ecológico elitizado.

Ela cria um valor de mercado para os animais de forma objetiva. Consequentemente, faz com que comunidades locais os protejam ativamente por interesse próprio.

Em vez de conflito entre gente e bichos, gera-se uma parceria produtiva. O leão vale mais vivo do que morto ilegalmente, o elefante compensa os danos que causa, o rinoceronte paga sua própria guarda.

A Estratégia Realista e Comprovada

Governos africanos e proprietários já entenderam que ninguém vai financiar a conservação da fauna de forma gratuita e altruísta em larga escala. Mas através do uso sustentável, a própria fauna pode se financiar de forma autossustentável.

É uma estratégia realista e comprovadamente bem-sucedida ao longo de décadas. Definitivamente, caça e conservação da fauna na África provaram que funcionam melhor juntas do que separadas.

O Atraso Vergonhoso do Brasil

O Brasil, com sua megadiversidade, deveria olhar para esses sucessos e aprender de forma urgente. Nossa legislação antiquada de 1967 ignora tudo que a ciência e a prática mostraram nas últimas décadas.

Milhões de brasileiros continuam caçando clandestinamente porque não existem opções legais e manejadas de forma lamentável. Ficamos no pior cenário, onde nem protegemos efetivamente nem aproveitamos sustentavelmente nossa fauna.

Está na hora de modernizar nossa política de fauna de forma radical. Precisamos separar a caça predatória (que é péssima) da caça sustentável (que pode ser benéfica) e discutir modelos inteligentes.

A Modernização Necessária

Precisamos combinar conservação com desenvolvimento rural de forma eficaz. Proibir por proibir nunca salvou espécie alguma. Quem sabe regulamentar com critério e responsabilidade possa salvá-las de forma definitiva.

Enquanto continuamos com nossa mentalidade arcaica, países africanos colhem os frutos de políticas modernas e científicas. Nossa teimosia legislativa custa caro para a biodiversidade brasileira.

A Mensagem Final da África

A mensagem final da África é inspiradora e transformadora: quando bem feita, a caça conserva de forma efetiva. Não se trata de voltar a um passado de caça inconsequente, mas sim de avançar para um futuro de manejo baseado em ciência.

Isso inclui participação comunitária e benefícios diretos para todos os envolvidos. Assim como a caça faz parte da natureza humana há milênios, a conservação precisa se integrar à sociedade para dar certo.

O Caminho Mostrado pela África

A África nos mostrou o caminho de forma clara: envolver as pessoas, dar valor econômico à vida selvagem e usar a natureza de forma renovável e inteligente. Com isso, conseguiram garantir que leões, elefantes, rinocerontes e tantas outras criaturas magníficas continuem a rugir, trombetear e vagar livres pelas savanas.

Não apenas como símbolos intocáveis, mas como parte viva de um mundo onde homem e fauna coexistem para mútuo benefício. Essa é a verdadeira lição de caça e conservação da fauna na África que o mundo precisa aprender.

O Exemplo que o Mundo Deveria Seguir

Definitivamente, os sucessos africanos provam que conservação eficaz não se faz com romantismo ou proibicionismo cego. Se faz com pragmatismo, ciência e incentivos econômicos adequados.

Enquanto o Brasil teima em manter sua legislação fracassada de 1967, a África mostra como fazer conservação de verdade. Uma lição que nossos políticos e ambientalistas deveriam estudar com humildade.

Ficou com alguma dúvida sobre como a caça regulamentada está salvando animais da extinção na África? Deixe seu comentário abaixo e vamos continuar essa importante discussão sobre caça e conservação da fauna.

Referências utilizadas no artigo:

Fontes científicas:

Saty Jardim:

Prestador de serviços credenciado no Exército Brasileiro sob Nº 000.116.553-48. Praticante da pesca, caça e do tiro desportivo, que aprendeu na prática os procedimentos legais para compra e registro de armas de fogo, requisição de CR e outros procedimentos junto ao Exército, Polícia Federal, IBAMA e SAP/MAPA.

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